ATA
DA CENTÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 19-11-2009.
Aos dezenove dias do mês de novembro do ano de dois
mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada,
respondida pelos vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Alceu Brasinha,
Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr.
Raul, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Fernanda
Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, João
Pancinha, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mauro
Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas,
Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra, Toni
Proença, Valter Nagelstein e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o
senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados:
pela Mesa Diretora, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 005/09 (Processo nº
5420/09); pelo vereador Luiz Braz, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo
nº 024/09 (Processo nº 5139/09). Também, foram apregoados os Ofícios nos
884, 885, 886, 887 e 888/09, do senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando,
respectivamente, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 009/09 e os
Projetos de Lei do Executivo nos 041, 042, 043 e 044/09 (Processos nos
5572, 5576, 5577, 5578 e 5579/09, respectivamente). A seguir, o senhor
Presidente registrou as presenças, neste Plenário, dos senhores Ercy Pereira
Torma e Glei Soares Belo, respectivamente Presidente e Diretor do Departamento
de Informática da Associação Riograndense de Imprensa – ARI –, e das senhoras
Cristiane Finger, Coordenadora do Curso de Jornalismo da Faculdade de
Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –
PUCRS –, e Marta Busnello, Presidenta do Conselho Regional de Profissionais de
Relações Públicas – 4ª Região – CONRERP –, convidando Suas Senhorias a integrarem
a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor Ercy
Pereira Torma, que defendeu a criação do Conselho de Comunicação Social na
Câmara Municipal de Porto Alegre. Em continuidade, o senhor Presidente concedeu
a palavra ao vereador Adeli Sell, que, em nome da Câmara Municipal de Porto
Alegre, manifestou-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em
continuidade, o senhor Presidente registrou a presença, neste Plenário, do senhor
Carlos Alberto Garcia, Secretário Municipal do Meio Ambiente. Às quatorze horas
e trinta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às quatorze horas e trinta e nove minutos, constatada a existência de
quórum. Após, o senhor Presidente informou que, em face da impossibilidade de
as senhoras Denise Fagundes Jardim e Laura López comparecerem a este
Legislativo no dia de hoje, o período de Comunicações da presente Sessão, que
seria destinado a tratar do tema “Racismo Institucionalizado”, seria adiado. Em
GRANDE EXPEDIENTE, pronunciou-se o vereador Engenheiro Comassetto. Em
prosseguimento, o vereador Tarciso Flecha Negra formulou Requerimento verbal,
deferido pelo senhor Presidente, solicitando fosse aguardada a presença das
senhoras Denise Fagundes Jardim e Laura López para a realização, no dia de
hoje, do período de Comunicações, tendo-se manifestado a respeito a vereadora
Sofia Cavedon e o vereador Nilo Santos. A seguir, constatada a existência de
quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador
Sebastião Melo, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente
Sessão. Também, foi apregoado Requerimento de autoria das vereadoras Sofia
Cavedon, Maria Celeste e Fernanda Melchionna e do vereador Pedro Ruas, solicitando
renovação de votação para a Emenda nº 12, aposta ao Projeto de Lei Complementar
do Executivo nº 008/07 (Processo nº 6777/07). Ainda, foi apregoado o Memorando
nº 118/09, de autoria do vereador Beto Moesch, deferido pelo senhor Presidente,
solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia
de hoje, na “I Jornada Convivendo com os Animais nos Centros Urbanos”, às nove
horas e trinta minutos, no Palácio do Ministério Público, em Porto Alegre. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 025/09, os Projetos de Lei do Legislativo nos 175,
223, 225, 226, 220/09, este discutido pelo vereador Carlos Todeschini, e
118/09, discutido pelas vereadoras Sofia Cavedon e Fernanda Melchionna, os
Projetos de Lei do Executivo nos 039 e 040/09, os Projetos de
Resolução nos 033 e 034/09; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 229/09 e o Projeto de Lei do Executivo nº 038/09, discutido
pelos vereadores Engenheiro Comassetto, Carlos Todeschini e Adeli Sell. Na
oportunidade, o senhor Presidente informou ter realizado contato telefônico com
as senhoras Denise Fagundes Jardim e Laura López, no qual foi constatada a impossibilidade
de Suas Senhorias comparecerem na presente Sessão, determinando o adiamento do
período de Comunicações do dia de hoje, que seria destinado a tratar do tema
“Racismo Institucionalizado”, tendo-se manifestado a respeito o vereador
Tarciso Flecha Negra e a vereadora Sofia Cavedon. Às quinze horas e trinta e
três minutos, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando
os senhores vereadores para Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os
trabalhos foram presididos pelos vereadores Sebastião Melo, Adeli Sell e Toni
Proença e secretariados pelo vereador Nelcir Tessaro. Do que eu, Nelcir
Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após
distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos à
O Sr.
Ercy Torma, representando a Associação Riograndense de Imprensa, que, por
longos anos, vem dando uma magnífica contribuição à imprensa do Rio Grande do
Sul, está com a palavra para tratar de assunto relativo à criação do Conselho
de Comunicação Social da Câmara Municipal de Porto Alegre, pelo tempo
regimental de 10 minutos.
Antes de franquear o microfone ao Sr. Ercy
Torma, nosso visitante, eu quero chamar para compor a Mesa conosco o Sr. Glei
Soares Belo, Diretor do Departamento de Informática da ARI; a Srª Cristiane
Finger, jornalista e Coordenadora do Curso de Jornalismo da PUCRS, e a Srª
Marta Busnello, Presidenta do Conselho de Relações Públicas do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina.
O Sr. Ercy Torma está com a palavra para fazer o
seu pronunciamento no período da Tribuna Popular, por dez minutos.
O SR. ERCY TORMA: Sr. Presidente
desta Sessão, Ver. Adeli Sell, em nome de V. Exª, saúdo os demais Vereadores e
Vereadoras.
Eu acredito que se trata de um ato inédito
estarmos aqui, neste Plenário. Acredito que esta é a primeira vez, ou uma das
raras vezes, raras oportunidades, que entidades de classe das mais diversas
atividades da sociedade rio-grandense solicitam a abertura da Tribuna Popular
para reivindicar, solicitar e defender a criação de um organismo dentro da
própria Câmara de Vereadores. Eu acho que é um fato bastante raro e que cabe
discutir.
(O Ver. Sebastião Melo assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR. ERCY TORMA: Então, saúdo o
Sr. Presidente, Ver. Sebastião, pela presença e pela oportunidade que nos dá de
fazer isso.
Ao longo de várias reuniões, algumas entidades
da sociedade, especialmente convocadas, estiveram nesta Câmara, obedecendo à
coordenação do Ver. Adeli Sell, para discutir a possibilidade de criação de um
conselho nesta Câmara. Para nós, da ARI, foi extremamente importante
participar, sermos convidados, estarmos presentes, porque, desde logo, o fato
nos lembrou de um trabalho desenvolvido por pesquisadores da Comunicação
Social, especialmente pesquisadores da Universidade de São Paulo, que
desenvolvem a tese de que estaríamos vivendo, no atual momento, o que eles
chamam de “revolução das fontes”. O que isso significa? Significa que, a partir
da juvenilização muito rápida das redações, especialmente dos grandes veículos
de comunicação, nós tivemos uma liberação extraordinária de profissionais de
comunicação social, que buscaram outras atividades no mercado de trabalho,
gerando novas empresas de consultoria, de assessoria e, principalmente, de
elaboração de trabalhos qualificados; e isso fez com que, principalmente
empresas de outro setor, atividades de outro setor, inclusive instituições e
associações, buscassem esses profissionais.
Esses profissionais, chegando àqueles setores
que, normalmente, são fontes de informações, passaram a qualificar essas
fontes; passaram, primeiro, a gerar o fato, gerar o fato qualificado, a tornar
mais rica e qualificada a fonte e, principalmente, usando aquela experiência
que eles tinham de longa vivência nos veículos de comunicação, a ter um acesso
não digo mais simples, mas com o conhecimento do caminho a percorrer até chegar
aos veículos de comunicação, até chegar às redações, até chegar à forma de
divulgar. Estou dizendo isso muito rapidamente em função do tempo que temos.
Quando vimos aqui, lembrando dessa pesquisa, nós
nos damos conta de que a Câmara de Vereadores é uma rica fonte de informações,
e, se olharmos bem, nos últimos tempos, ela foi mal aproveitada. Todos nós, com
mais experiência, com mais tempo de vivência na Comunicação Social, lembramos
que a Câmara sempre teve uma cobertura expressiva dos veículos de comunicação
de Porto Alegre - chegava a haver colunas e espaços dedicados à Câmara de
Vereadores. Isso não ocorre mais; raramente uma atividade dos Vereadores tem a
cobertura, tem o espaço desejado.
Então a nossa proposta, a nossa sugestão de
criarmos o Conselho de Comunicação da Câmara de Vereadores, inicialmente nos
dois primeiros anos, com o aspecto, com a formatação de um conselho consultivo,
é exatamente para permitir que a Câmara não apenas gere os fatos, gere a
notícia, mas que qualifique a notícia, qualifique a informação e tenha formas
de dar vazão a essas informações nos mais diversos veículos, das mais diversas
formas.
Aliada a esse fato de qualificação da
informação, nós temos uma outra coisa que é extremamente importante: falamos de
comunicação, mas, hoje, o número de plataformas a serem usadas para a
disseminação das notícias se multiplica com uma rapidez extraordinária. Hoje
nós temos os veículos impressos, os veículos eletrônicos e a Internet, que nos
oferece inúmeras formas de comunicação e mais as formatações que nos chegam,
que são agregadas no dia a dia.
Então, esse Conselho pode contribuir de forma
extraordinária, de forma importante, com as assessorias técnicas da Casa,
especialmente com a assessoria de Comunicação da Casa, que vai agregar, que vai
reunir, que vai coordenar toda a divulgação nas diversas plataformas de
comunicação. Esse Conselho pode ajudar, extremamente, a assessoria da Casa a
fornecer matérias qualificadas, matérias com profundidade, com estudos que
permitam que os veículos de comunicação tradicionais deem vazão e espaço aos
veículos; tudo isso aliado a outro fato, o de que o Conselho pode incentivar e
ajudar muito a assessoria da Casa a utilizar melhor os veículos de comunicação.
Nós sempre temos visão de utilizar os grandes
veículos de comunicação, os veículos das grandes empresas que estão à nossa
frente, e nos esquecemos de que a cidade de Porto Alegre tem dezenas de
veículos de comunicação impressos, que são os jornais comunitários, os jornais
de bairro, os jornais segmentados - dezenas de veículos, representando mais de
500 mil exemplares por mês, que podem dar vazão às informações da Câmara de
Vereadores. E, aliadas a isso, temos as emissoras de rádio. Só a Região
Metropolitana de Porto Alegre, para os senhores e as senhoras terem um exemplo,
tem 35 emissoras de rádio, um número extraordinário, que precisa ser
trabalhado.
Rapidamente, essas ideias são alinhadas no começo
desta Tribuna Popular para justificar, para reforçar a sugestão que as
entidades que aqui estiveram, convidadas pelos Srs. Vereadores, discutiram ao
longo do tempo e que a estão apresentando como proposição à Casa, ou seja, que
a matéria seja discutida e, se possível, que tenhamos ainda a sua aprovação ou
exame até o final do ano, para que a Câmara realmente avance e que tenha um
significado extraordinário a partir do ano que vem.
Eu sugeriria, quanto a essa proposta que
institui o Conselho de Comunicação da Câmara, oferecer informações precisas e
respeitar a diversidade de interpretações, para que o público possa desenvolver
consciência crítica a respeito dos temas em debate no Parlamento
porto-alegrense; observar padrões éticos para garantir a isenção e não
privilegiar, em seus conteúdos, interesses individuais, partidários, comerciais
ou empresariais. Os demais objetivos estão todos expressos neste documento que
fazemos questão de entregar ao Sr. Presidente da Casa, o Ver. Sebastião Melo,
assinado por todos os participantes da comissão que examinou o Processo.
Reiterando, nós estamos aqui, acredito que de
forma inédita, sugerindo à Câmara de Vereadores de Porto Alegre que seja, mais
uma vez, pioneira nessa atividade, criando o seu Conselho, inicialmente
consultivo e, depois de dois anos de pesquisas, deliberativo, sobre a
Comunicação Social.
Obrigado, Sr. Presidente. Eu passo às suas mãos
a Ata e o documento assinado por todos os participantes. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Primeiro, eu
quero agradecer o Ver. Adeli Sell pela condução dos trabalhos. Eu estava
recebendo o Diretor do Tribunal de Justiça, na Presidência, com vários
Vereadores, e dou as boas-vindas a esse grande amigo, grande lutador social, que
é o querido Ercy. Esse tema foi conduzido aqui na Casa sob o comando do nosso
Vice-Presidente, o Ver. Adeli Sell, que tem recebido de todos nós várias
delegações para enfrentar questões comuns.
Então, em função de acordo relativo ao Plano
Diretor, que nós queremos enfrentar logo em seguida, ele vai falar em nome de
todos nós, permitindo que aqueles Vereadores que entenderem apartear o Ver.
Adeli sintam-se à vontade para fazê-lo. Portanto, eu concedo a palavra a quem
coordenou, junto com todos vocês, esse trabalho.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra, para falar
em nome de todos os Vereadores.
O SR. ADELI SELL: Meu caro
Presidente, Ver. Sebastião Melo, eu quero agradecer a confiança do Presidente e
dos colegas da Mesa Diretora - Ver. Nelcir Tessaro, Ver. João Carlos Nedel,
Ver. Tarciso Flecha Negra e Ver. Toni Proença - por terem me colocado na
condução dessas reuniões. Quero agradecer a presença do Glei, da Cristiane, que
estiveram presentes em todas as reuniões. Ercy, agradeço tua presença e a tua fala;
e também, Marta, agradeço a tua presença, pelas Relações Públicas, porque nós
entendemos que esse processo de comunicação é toda a comunicação da Casa:
Relações Públicas, a imprensa propriamente dita, o nosso serviço de fotografia,
o nosso serviço, enfim, do próprio Memorial - ou seja, conglomera todos os
aspectos da comunicação social da Casa.
Colegas Vereadoras e Vereadores, eu tenho um
orgulho muito grande de ter ajudado a fazer esse debate, até porque, nesta
semana ainda, praticamente todas as Lideranças partidárias, Ver. Airto
Ferronato - V. Exª foi efusivo na sua intervenção na segunda-feira -, falaram
nos problemas de relacionamento com a mídia local. E o Ercy, de forma clara,
pela história que tem com a mídia da Cidade, lembrou que esta Casa já teve
muito mais cobertura de mídia. Havia várias pessoas que faziam a cobertura
cotidiana desta Casa; hoje isso é exceção. E nós queremos um conselho de
comunicação social da Casa, nesses parâmetros, pelo menos iniciais, porque tem
que ser feita uma experiência, Ver. Pedro Ruas e Ver. Oliboni - V. Exª, que é
jornalista -, porque apenas a Câmara de Taubaté já tem um conselho da sua TV, e
nós queremos ver, Ver. Bernardino Vendruscolo, a quem eu darei um aparte, como
isso vai funcionar. Nós também queremos apostar muito na “prata da Casa”, já
que nós temos bons profissionais aqui dentro, que, ao longo dos anos, têm
colaborado no sentido de fazer essa relação com a cidade de Porto Alegre sobre
as coisas que a gente tem feito aqui dentro.
O Sr.
Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Obrigado pelo aparte, Ver. Adeli. Quero cumprimentar o Presidente por
essa iniciativa, assim como todos do segmento da imprensa, que aqui se
encontram.
Eu só gostaria falar do sentimento que eu tenho.
Nós saímos de uma ditadura militar e entramos na ditadura da imprensa, porque,
infelizmente, nós estamos fadados a assistir, a ler, a ver a grande maioria do
rádio, da televisão, dos jornais, apresentar só coisas ruins, como se não
houvesse nada mais importante no País, no Estado e no Município. O que
aconteceu nos últimos dias com esta Casa, com a representação de certos
profissionais da imprensa, denegriu a imagem desta Casa, mas muito mais da
própria imprensa de um modo geral. Obrigado.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite
um aparte?
O SR. ADELI
SELL: Ver.
Airto Ferronato, ouço V. Exª com prazer.
O Sr. Airto
Ferronato: Meu
caro Ver. Adeli Sell, quero cumprimentar V. Exª pelas palavras proferidas,
trazer um abraço carinhoso e fraterno ao Dr. Ercy Torma, dizer do carinho e
respeito que tenho pelo ele; falar da importância que tem a ARI pelo que ela
representa para o porto-alegrense, para Porto Alegre e para o nosso Estado, e
dizer da relevância desse tema, com relação ao qual, desde já, nos colocamos
amplamente favoráveis, porque necessário e urgente.
Depois da trágica e ridícula matéria divulgada
na RBS, no domingo à noite, é de envergonhar qualquer cidadão. Primeiro, o
jornalista dormiu o tempo inteiro, cochilou por aí; a cada lampejo de lucidez,
lamentavelmente, construía algumas cenas. Levamos 30, 40, 50 anos para
construir a nossa imagem, meu caro Ver. Adeli Sell, e não dá para admitir que,
em 30 segundos de péssima qualidade, se vá destruir o caminho de um cidadão.
Então eu quero me colocar, meu Presidente, ao
lado dessa iniciativa, parabenizar todos e dizer da importância que ela tem no
contexto político atual. Obrigado.
O Sr. Aldacir José Oliboni: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre colega, Ver. Adeli Sell, quero
parabenizá-lo pelas colocações que estão sendo feitas neste momento e dizer que
é de extrema importância esse tema que está sendo levantado aqui na Câmara.
Saudando aqui os nossos convidados, eu gostaria
de dizer que o fato não é só elencar ou fazer um regramento com relação às
coisas que acontecem aqui na Câmara, mas valorizar os profissionais de
comunicação, mais precisamente os jornalistas, porque, infelizmente, numa
atitude tresloucada, o Supremo acabou tirando o valor do nosso canudo, enfim, o
nosso diploma. Acredito que devemos rever algumas coisas, e isso tem que partir
da base. A Câmara, há poucos dias, aprovou uma moção pela volta da exigência do
diploma de jornalista, mas é preciso constituir essas entidades, dando o poder
e regramento a alguns parlamentos, como foi o caso recente aqui, e não foi só a
RBS; todos os meios de comunicação, às vezes, fazem e continuam desgastando a
imagem do político, e nós precisamos tomar uma posição. Parabéns pela
iniciativa.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Na plateia, está
o Ayres Cerutti, que também saúdo.
O Ercy sabe do carinho que tenho em relação à
ARI há muitos anos. Sou filho de jornalista, mas tenho um profundo respeito por
esse tipo de iniciativa que pode fazer diferença. Na verdade, Ercy, iniciativas
as pessoas têm, é da natureza humana; algumas fazem diferença, e a maioria não;
e esta faz. Então, esta faz muita diferença. Eventualmente, esse episódio tão
mencionado poderia não ter ocorrido. Outras questões podem ser modificadas
também. Nós não vivemos mais no tempo, Ercy, em que havia, no jornal Zero Hora,
a página do Melchiades Stricher, e, no Correio do Povo, tínhamos páginas
dedicadas à Câmara. São outros tempos, Ver. Adeli Sell, mas a Câmara precisa
dessa divulgação, e a Cidade precisa conhecer o trabalho que a Câmara faz.
Neste momento, nós estamos votando o Plano
Diretor, que define os rumos da Cidade, Cristiane, pelos próximos 10, 20, 30
anos. Portanto, há uma necessidade também de a sociedade porto-alegrense
conhecer o trabalho que aqui se faz.
Então essa iniciativa do Conselho de Comunicação
é muito bem-vinda, conta com o nosso apoio e nosso esforço. Parabéns a todos.
Obrigado.
O SR. ADELI SELL: Obrigado.
O Sr. Elias Vidal: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, quero parabenizá-lo pela
sua fala no sentido da valorização da imprensa; parabenizar o Dr. Ercy Torma e
essa equipe maravilhosa.
Quero dizer que a Associação de Imprensa é
fundamental, porque os grandes veículos de comunicação, por si só, muitos deles
se sustentam, mas os menores precisam desse “guarda-chuva”, precisam dessa
Associação que norteia e que agrega toda essa família da imprensa, os pequenos,
os médios e também os grandes veículos de comunicação.
O que seria da sociedade, o que seria da
humanidade sem a imprensa? Os senhores prestam um grande serviço à humanidade;
trazem as informações, orientam a sociedade das mais diversas formas, nos
esportes, na educação, na segurança, na saúde e assim por diante.
Os senhores estão de parabéns. Bem-vindos a esta
Casa. Esta Casa sempre será dos senhores também. Obrigado.
Eu
sei das grandes dificuldades que vocês têm, Cristiane, mas vocês estavam aqui
representando as instituições; a mesma coisa o Sindicato e a ARI, que estavam
aqui presentes; os jornalistas aqui da Casa; as Relações Públicas, enfim, os
vários profissionais da comunicação estão sempre presentes. Então, eu tenho
certeza de que, com a ajuda das instituições de ensino que estarão presentes,
Cristiane, no nosso Conselho, junto com a TV Assembleia, com a TVE, enfim, com
essas intuições, nós teremos um conselho que vai estar atento, vai estar nos
orientando para aquilo que deve ser a comunicação efetiva do Legislativo da
cidade de Porto Alegre. Quem sabe, com o exemplo de Porto Alegre, pelo poder
que tem a Capital dos gaúchos, nós possamos ter outros conselhos de comunicação
em várias câmaras municipais.
Mais
uma vez, eu agradeço o desprendimento pessoal de vocês, das suas instituições,
para colaborar com a Câmara Municipal de Porto Alegre. E tenho certeza de que
os 36 Vereadores desta Casa não faltarão com o seu compromisso com a Cidade,
que o voto popular lhes garantiu. Parabéns, Ver. Sebastião Melo, por essa
iniciativa! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro a
presença, nesta Casa, do Vereador e Secretário do Meio Ambiente, Professor
Garcia.
Quero dizer, Ercy, Glei, Cristiane, Marta e o
nosso José Nunes, que a nossa Casa vem, ao longo do tempo, e, especialmente nos
últimos anos, se aproximando da Cidade. Esta Casa tem se deslocado muito para
os bairros para ouvir a população, para fazer um casamento da democracia
representativa com a democracia participativa, que eu acho que são dois
elementos que convergem - não divergem - e que podem, juntos, construir uma
Cidade melhor.
A nossa Casa, por outro lado, tem oportunizado debates
de grandes temas que a Cidade precisa enfrentar com olhar metropolitano, porque
a gente entende que problemas comuns só podem ser mais bem resolvidos se forem
compartilhados com a nossa Região Metropolitana, como o trânsito, a saúde, a
educação, o parcelamento do solo.
Esta Casa teve a coragem de enxugar legislações
e está, a passos largos, retirando uma série de legislações que não dizem mais
respeito à vida do cidadão; e ainda tem retirado os temas não vou dizer
menores, mas que podem ser enfrentados nas Comissões, no intuito deixar este
Plenário mais livre para enfrentar, especialmente, o planejamento urbano.
E esta iniciativa coletiva da Mesa é muito
importante. Nós estávamos esperando esta Tribuna Popular. Há um projeto que foi
distribuído aos Vereadores, faço questão de que todos deem a sua contribuição,
e eu vejo que aqui todos têm experiência. Acho que os veículos de comunicação
esqueceram de que o Brasil deixou de ser rural e passou a ser urbano há muito
tempo.
Eu tenho uma dificuldade, porque, às vezes, se
fala com um jornalista três, quatro vezes, para explicar uma questão
urbanística, e o cidadão não entende disso, porque os jornais não têm, hoje,
uma editoria de urbanismo; pegam um tema depois de ele ter sido debatido 20 ou
30 vezes, lá no final e, quando publicam a matéria, no outro dia, publicam o
contrário daquilo que foi debatido, daquilo que foi enfrentado no Legislativo.
Então, esta comunicação não é a favor dos
Vereadores. Eu acho que nós temos, primeiro, o dever de prestar contas, mas dar
a informação correta para a população é uma contribuição que, no mínimo, se
espera dos veículos de comunicação, que têm papel social, sim, e também
público, porque são concessão do Poder Público. Eu acho que a crítica sempre é
muito bem-vinda; aliás, não há democracia sem imprensa livre. Não conheço
nenhum Vereador que pense o contrário disso.
Agora, o que não está correto é pinçar uma
questão isolada do Legislativo para tentar desfazer aquilo que o povo
brasileiro constituiu, que é a democracia. Aliás, Tito dizia que democracia é
muito difícil, mas, até hoje, a humanidade - desde quando ele vivia, e acho
que, de lá para cá, também - não encontrou outro regime pelo qual os povos
possam encontrar melhor desenvolvimento, sustentabilidade e inclusão social.
Então, se a democracia é jovem no Brasil, precisa melhorar muito, mas não é
desfazendo dela que nós vamos fazer um país melhor. Então, é nesse sentido que
essa luta vem ao encontro de tudo isso.
Quero cumprimentar todos vocês. Parabéns, muito
obrigado, em nome de todos os Vereadores. Eu chegava aqui às 8 horas, e o Ver.
Adeli Sell já estava lá reunido. E o Adeli merece o nosso aplauso, porque ele
foi incansável em tratar dessa matéria, e ela vai ter uma dimensão no
enfrentamento com todos os Vereadores. Muito obrigado. Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas. (Palmas.)
(Suspendem-se os trabalhos às14h35min.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo – às 14h39min): Estão reabertos os trabalhos.
Peço que
os Srs. Vereadores e as Sras Vereadoras se aproximem
da Mesa para uma rápida conversa. (Pausa.)
Srs. Vereadores, eu agradeço o entendimento e
quero me dirigir, especialmente, aos convidados da nossa Escola do Legislativo,
que, para hoje, havia pautado o tema Racismo Institucionalizado. As nossas
queridas convidadas, Denise Fagundes Jardim e Laura López, encontram-se
ilhadas, devido às chuvas, no início da Av. Bento Gonçalves, sem a
possibilidade de chegar à Casa. Contatamos com elas, que solicitaram uma nova
data, o que faremos em combinação com os senhores e com as senhoras; este tema
está transferido. A Cidade sofreu um vendaval enorme, há muitas árvores caídas,
muitos outdoors, e elas não conseguirão chegar aqui.
Então, eu quero agradecer a presença dos
convidados para a Tribuna Popular, que, em querendo, poderão continuar conosco;
serão muito bem-vindos.
Passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Grande
Expediente. (Pausa.) Desiste. O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra
em Grande Expediente.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente;
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras;
senhoras e senhores, inicio este Grande Expediente trazendo para a discussão,
nesta Casa, acompanhando o que estava previsto na Tribuna Popular, o tema da
Semana da Consciência Negra.
Amanhã, 20 de novembro, é uma data
importantíssima na história da afirmação da Nação brasileira; um dia
constituído em homenagem ao grande líder Zumbi dos Palmares, que tombou no
sertão de Alagoas, lutando contra as forças de repressão do Império, porque
protagonizou uma luta pela defesa da igualdade, fosse ela igualdade racial,
econômica, religiosa ou cultural, e que criou, no sertão alagoano, por um
século, o espaço denominado Quilombo dos Palmares.
Zumbi tombou, e nós instituímos, na política
brasileira, a Semana da Consciência Negra. Amanhã haverá, aqui em Porto Alegre,
a grande marcha pela afirmação da Consciência Negra e pela luta de todos os
povos, negros, brancos; de todas as crenças, para que a nossa cultura seja pela
paz, e cultura de paz se constrói quando existem direitos iguais para todos.
Portanto, queremos hoje homenagear todos os
lutadores que, através das diversas entidades do Movimento Negro, afirmam esse
trabalho. Aqui na Casa, há um grupo de funcionários e de outras pessoas que
constituem a Semana da Consciência Negra, com a presença do jovem coordenador
do Gabinete do Negro.
Portanto, aqui tive a oportunidade de, aliado ao
Movimento Negro, apresentar um conjunto de projetos, evidenciando que
construímos a primeira cidade brasileira que possui, na sua legislação, os
quilombos urbanos como patrimônio cultural; gravamos o primeiro quilombo urbano
do País nos mapas do Plano Diretor, que é o Quilombo da Família Silva. Da mesma
forma, na próxima semana, a CUTHAB estará fazendo o debate sobre os territórios
dos quilombos urbanos de Porto Alegre. Convido todos os militantes dessa área a
participar.
Também quero dizer que recebi a incumbência de
apresentar um novo projeto de lei, instituindo o monumento em homenagem a
Oliveira Silveira, o grande poeta negro brasileiro, nascido em 1941, lá em
Rosário do Sul, que lutou, trabalhou, e, no início deste ano, deixou o seu
legado para a história brasileira e para a história do Rio Grande do Sul. Não
posso deixar de fazer uma referência também à memória do grande companheiro de
luta que, na semana retrasada, nos deixou, o grande Lua, que, com a sua postura
firme, de convicção, com a sua paciência, com a sua tranquilidade, deixou o seu
legado para continuarmos lutando.
Portanto, meus amigos e minhas amigas, quero
fazer esta referência, esta homenagem a todas as pessoas que lutam para que,
neste País, haja direitos iguais para todos; e que nós possamos dizer que
ajudamos a construir algo melhor e acabar com o que hoje está
institucionalizado na consciência cultural, que é um racismo velado, que não se
apresenta de forma explícita, seja quando os juízes entram nos tribunais
lutando para derrubar o direito das cotas, seja quando, na universidade, um
conjunto de jovens faz uma manifestação de caráter racista, condenando à exclusão.
Quero afirmar que o Presidente Lula instituiu
uma política, que passa a ser uma política de estado, pelas cotas raciais, e
todas as políticas de reparação, instituindo a CEPIR. Quero dizer, inclusive,
que, nas universidades públicas brasileiras, as melhores notas têm sido
justamente desses estudantes cotistas, porque eles estão tendo uma
responsabilidade pública por saberem que o povo excluído, no momento em que tem
política de reparação, tem que demonstrar para todos os opositores que basta
terem direito à igualdade, que eles vão crescer e constituir aquilo que nós
esperamos, que é a afirmação de uma soberania. Os excluídos, no momento em que
recebem oportunidade, demonstram para toda a Nação brasileira que são tão bons
ou melhores do que aqueles que detêm o poder, principalmente o poder econômico.
Portanto, minha homenagem a todos os lutadores
pela política de inclusão, pela política contra a discriminação racial, pela
política contra a intolerância religiosa. Um grande abraço. Boa luta, companheiros
e companheiras!
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Muito obrigado,
Verª Sofia.
A Srª Fernanda Melchionna: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Aproveitamos o seu belíssimo
pronunciamento, Ver. Comassetto, para nos somar a esta homenagem, que, na
verdade, é um reconhecimento à luta histórica que o povo negro tem desenvolvido
no nosso País. Essa luta histórica tem ajudado a reverter o preconceito e a
desigualdade econômica num País que foi um dos últimos a acabar com a
escravidão, e, infelizmente, a reparação do Estado veio apenas a partir da
mobilização das comunidades, dos remanescentes, das lutas dos quilombolas e
daqueles que se organizam no movimento. Ao vermos outros povos excluídos na
história, veremos que houve medidas de compensação ou de reparação histórica, o
que está sendo feito agora, através das cotas e da regularização dos
quilombolas. Temos muito que avançar. E cito o que hoje me chamou a atenção no
jornal: Porto Alegre e outra cidade são as duas únicas Capitais que ainda não
marcaram o dia 20 de novembro como um feriado municipal; não pelo feriado, mas
pela simbologia...
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Verª Fernanda,
muito obrigado, mas quero dizer que esta Câmara aprovou o Projeto de Lei, e a
Justiça vetou.
A Srª Fernanda Melchionna: Vetou. Isso é o
que eu ia comentar. Eu não era Vereadora, mas acompanhei. Infelizmente, a
Justiça vetou a incorporação, no Calendário Oficial, de uma data, de uma
homenagem histórica ao povo negro, fundante do Brasil.
E há uma segunda desigualdade, que é a
econômica, que o senhor bem sabe; a desigualdade que nós vemos pelo DIEESE, que
faz com que uma mulher negra receba 1/3 do salário de um homem branco pela
mesma função. Então, que siga a luta! Que o dia 20 nos fortaleça! Contem com o
PSOL também.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Muito obrigado,
Verª Melchionna.
O Sr. Tarciso Flecha Negra: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado, Vereador Comassetto. Hoje
eu vi uma cena na televisão e gostaria da atenção dos meus irmãos negros. Eu
não sei. Eu gostaria que os meus irmãos soubessem dessa cena na televisão, em
que uma mulher negra, a Taís Araújo, se ajoelhou na frente de outra mulher
pedindo perdão e levou um tapa na cara! Será que isso está certo? A Rede Globo
continua usando o negro na cozinha, nas novelas com escravos, e, quando ela é a
atriz principal, tem que se ajoelhar e levar um tapa na cara? Não sei se é
somente eu que estou errado, se é só eu quem pensa assim. Obrigado.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Muito obrigado,
Ver. Tarciso.
O Sr. Toni Proença: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Em nome das Bancadas do PPS e do PSB, eu
queria cumprimentá-lo pelo tema. É importante que V. Exª aproveite o seu
período de Grande Expediente para se dedicar a um tema tão importante quanto
este, sobre o qual o Brasil tem uma grande dívida, e atitudes como a sua ajudam
a resgatar essa dívida. É nesse sentido que nós temos que militar. Parabéns.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Obrigado, Ver.
Toni Proença; obrigado a todos os colegas Vereadores e aos Partidos que aqui
ajudaram a aprovar o Projeto do primeiro Quilombo Urbano do Brasil, em Porto
Alegre, bem como por votarem e aprovarem a instituição do Dia Municipal de
Combate à Intolerância Religiosa, e demais projetos e trabalhos que estão aqui
nesta Casa.
Concluo, nesses dois minutos e meio que me
restam, com outro tema. (Mostra fotos.) Ontem à noite, nossa Comissão, a
CUTHAB, realizou uma reunião lá na Hípica, Região Sul de Porto Alegre. A CUTHAB
esteve lá, com a presença de diversos colegas Vereadores, coordenada pelo nosso
Presidente, Ver. Waldir Canal, para tratar do tema transporte público ou da
falta de transporte público naquela região. Os problemas trazidos foram muitos.
Primeiro, aquela região cresce imensamente na sua urbanização, e o Poder
Público - e o Secretário do Planejamento está presente nesta Sessão, o Ver.
Márcio Bins Ely -, liberando os condomínios sem levar em consideração a
realização dos serviços de transporte público. Lá estava o seu Chefe de
Gabinete, ontem, acompanhando os trabalhos. Não existe ônibus transversais. Os
ônibus são superlotados, e as pessoas ficam nas paradas de ônibus na região da
Hípica, na região da Av. Edgar Pires de Castro, na região da Av. Juca Batista.
O pessoal do Lami tem horários escassos, e, mesmo assim, os horários não são
cumpridos. E eu quero trazer um tema: por que as regiões da Restinga, Belém
Novo, Lami, Aberta dos Morros, são as únicas da Cidade que não têm lotação? Nós
vamos enfrentar ou não esse tema?
E eu concluo, Sr. Presidente, dizendo que, mais
uma vez, o Executivo Municipal desrespeitou a Câmara de Vereadores; o
Secretário Senna não compareceu à reunião e não mandou nenhum representante. O
Prefeito Fogaça tem uma responsabilidade com esta Casa e com aquela população.
Se o Prefeito Fogaça protege o Secretário Senna nessas barbaridades que ele vem
cometendo com o povo de Porto Alegre, ele tem que dizer publicamente isso. Caso
contrário, ele que substitua esse Secretário ou que coloque alguém que atenda
às demandas da população. Lá, ontem, estiveram presentes 27 comunidades de toda
a região, e a Secretaria de Mobilidade Urbana não se fez presente, deixou as
pessoas falando sozinhas! Os empresários estavam lá para debater o tema.
Até quando nós vamos receber essas demandas da
população, Sr. Presidente, e o Prefeito Fogaça não vai ouvir? Isso é um
desrespeito com a comunidade! A gestão do Prefeito Fogaça está lenta no
transporte; não trabalha o transporte público da Cidade como ela merece;
portanto, merece o repúdio desta Câmara de Vereadores e de toda a comunidade!
Um grande abraço.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA (Requerimento): Sr. Presidente,
houve um contratempo, como todos sabem, e há um pedido das professoras, que
estarão chegando em poucos minutos, para que haja essa oportunidade, porque a
nossa Semana da Consciência Negra se encerra amanhã, e nós gostaríamos muito de
ouvir esse debate maravilhoso. O PTB está com a gente, e acho que todos os
Vereadores vão concordar em ouvir as nossas professoras.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente,
a Bancada do PT está de pleno acordo.
O SR. NILO SANTOS: Sr.
Presidente, também nos solidarizamos com essa homenagem que o Ver. Tarciso quer
fazer; até mesmo pela chuva, entendemos o atraso e achamos que devemos aguardar
um pouco, com certeza, e homenageá-los ainda hoje.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Quero
agradecer, pois telefonei a vários Vereadores, em função da ausência das nossas
palestrantes. Na verdade, estava programada para hoje à tarde, às 14 horas, a
palestra das professoras Denise e Laura, e, por causa da chuva, elas ficaram
trancadas na Av. Bento Gonçalves, e, na troca de um telefonema, a gente acabou
suspendendo a palestra que seria às 14 horas. Agora o Ver. Tarciso nos traz
outra informação. Impreterivelmente, vamos começar o Plano Diretor às 16 horas,
e quero dizer que a fala, que seria um pouco mais demorada, vai ser encurtada
para que, rigorosamente às 16 horas, a gente possa entrar no Plano Diretor.
Em votação a inversão da ordem dos trabalhos,
para que possamos, imediatamente, passar à Pauta. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 4160/09 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 033/09, de autoria do Ver. Aldacir José Oliboni, que concede
o Diploma Honra ao Mérito à senhora Susana Maria Rossi de Carvalho e Silva.
PROC.
Nº 4166/09 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 034/09, de autoria da Verª Maria Celeste, que concede o
Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre ao senhor Miguel Granato Velasquez.
PROC.
Nº 4453/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 220/09, de autoria do Ver. Carlos
Todeschini, que concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Hamilton
Jesus Vieira Pereira.
PROC.
Nº 5016/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 223/09, de autoria do Ver. Nelcir Tessaro,
que concede o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao jornalista Paulo
Raymundo Gasparotto.
PROC.
Nº 5046/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 225/09, de autoria do Ver. João Antonio
Dib, que denomina Acesso Hammond o logradouro público cadastrado conhecido como
Viaduto dos Açorianos – Acesso Leste 1 –, localizado no Bairro Centro
Histórico.
PROC.
Nº 5292/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 039/09, que atribui aos detentores do
cargo de provimento efetivo de Assessor para Assuntos Jurídicos Verba de
Consultoria Jurídico-Administrativa na Administração Centralizada, Autarquias e
Fundação do Município.
PROC.
Nº 5295/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 040/09, que extingue e cria Cargos em
Comissão e Funções Gratificadas no Quadro da Administração Centralizada do
Executivo Municipal, constantes da letra “c” do Anexo III da Lei nº 6.309, de
28 de dezembro de 1988, e alterações posteriores, e inclui inc. XVIII no art.
1º da Lei nº 8.689, de 28 de dezembro de 2000, e alterações posteriores.
PROC.
Nº 3728/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 175/09, de autoria do Ver. Adeli Sell, que
altera a ementa e inclui § 2º no art. 1º da Lei nº 10.261, de 28 de setembro de
2007, fixando dias e horário de funcionamento da Feira do Mercado Bom Fim.
PROC.
Nº 5073/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 226/09, de autoria do Ver. Sebastião Melo,
que denomina Rua Gabriel Cucchiarelli o logradouro público cadastrado conhecido
como Ciclovia 6439 – Loteamento Altos do Santa Rita –, localizado no Bairro Hípica.
PROC.
Nº 2792/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 118/09, de autoria do Ver. Airto Ferronato
e outros, que institui os Fundos de Apoio e Fomento aos Centros Populares de
Compras e dá outras providências.
PROC.
Nº 4414/09 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 025/09, de autoria do Ver. Paulinho Ruben
Berta, que altera os incs. III e VIII e inclui parágrafo único no art. 12 da
Lei Complementar nº 234, de 10 de outubro de 1990 – que institui o Código
Municipal de Limpeza Urbana –, e alterações posteriores, estabelecendo
obrigação aos síndicos ou administradores de condomínios.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 5067/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 229/09, de autoria do Ver. Dr. Thiago
Duarte, que concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Salim Sessim
Paulo.
PROC.
Nº 5247/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 038/09, que autoriza o Poder Executivo a
contratar com a Corporação Andina de Fomento – CAF –, com garantia da União, no
valor limite equivalente a US$ 100.000.000,00 (cem milhões de dólares dos
Estados Unidos da América), para financiamento de obras do Projeto Portais da
Cidade.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Apregoo
Requerimento das Vereadoras Maria Celeste, Sofia Cavedon, Fernanda Melchionna e
do Ver. Pedro Ruas, que solicita renovação de votação da Emenda nº 12 ao PLCE
008/07, considerada a pequena diferença de votos.
Apregoo Memorando nº 118/09, de autoria do Ver.
Beto Moesch, solicitando representação desta Câmara Municipal na I Jornada
Convivendo com os Animais nos Centros Urbanos, a realizar-se no dia 19 de
novembro de 2009, às 9h30min, conforme convite anexo.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para
discutir a Pauta.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, temos em Pauta o PLL nº 118/09, assinado pelo Ver. Airto
Ferronato e por outros Vereadores, do Fundo de Apoio e Fomento aos Centros
Populares de Compras. Estou em dúvida, Ver. Airto, se é o apoio ao camelódromo.
Acredito que sim. Eu imaginei que o assunto estivesse um pouco mais adiantado
do que Pauta, mas o tema é muito importante, e importante, inclusive, porque
essa deve ser uma das lutas do Movimento Negro, porque não envolve só o corte
da raça, da etnia, da garantia desse debate nas escolas, da não descriminação,
mas também políticas públicas que atinjam esse povo, que é, na sua maioria, o
povo pobre do País, exatamente pela dívida social que nós temos com eles.
E quando
nós tratamos do Centro Popular de Compras, Ver. Toni Proença, nós estamos
falando de muitos negros e negras, sim, que encontraram, na economia popular e
solidária, a forma de construir a sua sobrevivência. Nós estamos vivendo uma
situação, eu diria, bastante dramática no Camelódromo de Porto Alegre.
Há a
opção da Prefeitura, de uma concessão a uma empresa privada, o que fez com que
o Centro da Cidade não fosse mais lugar de sobrevivência dos camelôs. E aqui
faço uma crítica, porque é inaceitável que se queira humanizar o Centro, e onde
estavam os camelôs está cheio de carros estacionados! Estacionamento para
carros não humaniza centro nenhum! Aquilo poderia virar, sim, uma praça de
convivência, de feiras livres eventuais, mas não de estacionamento. Não me
venham argumentar que o Centro é mais humano hoje, quando tem carro; para mim,
ele era muito mais humano quando estavam ali os camelôs, os ambulantes, que
hoje estão sofrendo, dramaticamente, pela falta de condição de sobrevivência no
Camelódromo, porque ele é inadequado, porque é muito menos gente que vai lá e
porque eles estão sofrendo uma pressão brutal para pagar as taxas lá dentro,
que já estão em cem reais de condomínio, e mais o aluguel.
Nós tivemos hoje mais uma rodada de reunião para
ver uma saída para aquelas 800 famílias que vivem do trabalho daquele espaço.
Dizíamos - e aí estão os Vereadores Toni, Tarciso Flecha Negra, Fernanda, Airto
e esta Vereadora - que não é possível tratar um espaço de concessão pública,
como foi feito, como uma caixa que não dá para descobrir o que tem lá, porque a
Verdicon não presta conta de todas as suas receitas, diz que tem que cobrar os aluguéis
porque não consegue pagar o financiamento que buscou. Nós não sabemos quanto
ela recebe pelas lancherias que há lá, por banco, por venda de motos. E estamos
discutindo, sim, como é que nós tornamos possível o fato de o Fundo que nós,
juntos, pensamos, nesta Casa, como uma solução, receba os recursos do possível
estacionamento que tem acima dos boxes dos camelôs.
E esse imbróglio é grande, porque a Prefeitura
de Porto Alegre está pouco propositiva ou quase nada propositiva. A Prefeitura
ainda não entendeu, Verª Fernanda, que o drama está instalado lá e que, se nada
for feito, aquele lugar vai se tornar uma carcaça que não vai abrigar camelôs,
e o drama social vai ficar muito sério na cidade de Porto Alegre.
Por que eu digo que a Prefeitura ainda não entendeu?
Porque a fala do Secretário Cecchim na imprensa é criticando os camelôs: “Ah,
eles não têm uma atitude propositiva”. Ele critica, ele diz que são sempre os
mesmos, ele não quer enxergar, colocou algo nos olhos e não enxerga o que a
própria Verdicon já reconhece, que não haverá saída se não houver uma fonte
extra de recursos para aquele empreendimento.
E nós afirmamos que nós apoiamos o Fundo, nós
achamos que tem de ter, porque nós não queremos reverter a situação, queremos
que dê certo, queremos que os 800 camelôs sejam felizes e prósperos. Só que, no
modelo que está, o que eles estão é só submetidos a uma lógica de mercado
brutal e violenta. Portanto, esse Fundo deve receber os recursos do
estacionamento se houver transparência - esse foi o encaminhamento que fizemos
- de todos os recursos que a Verdicon, do que ela deve e se houver um
compromisso, um pacto e um documento que estabeleça, sim, que todos os que não
estão vendendo terão subsídios, ficarão lá subsidiados até que mude a lógica
daquele empreendimento e que ele seja autossustentável de fato.
O que nós não vamos permitir é que, numa lógica
de mercado, um investimento de 14 milhões de reais, com as trapalhadas deste
Governo, essa conta seja paga pelos ambulantes. Eles não podem pagar essa conta!
Estavam exatamente nessa função popular, na rua, porque não conseguiram uma
alternativa dentro do mercado.
Então nós não temos lógica de mercado como saída
para o trabalhador popular. Subsídio, ação de Governo podem resolver o problema
dos camelôs.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs.
Vereadoras, Verª Fernanda, eu só peço a gentileza de localizarem o Ver.
Tarciso. Eu fiz, novamente, uma ligação para as nossas palestrantes, e elas
continuam no mesmo local, na Av. Bento Gonçalves. Portanto, quem sabe, é mais
razoável transferir? Aconteceu uma intempérie, infelizmente. Ver. Tarciso, nos
ajude!
A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra
para discutir a Pauta.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Eu queria
propor, sobre esse tema, apesar de sabermos que o trânsito da Cidade está um
caos, Sr. Presidente, que se consulte o público que também veio para ouvir a
palestra sobre a disposição de se transferir a data, porque a gente sabe que,
quando chove, acontecem coisas extras, e hoje, infelizmente, muitas árvores
caíram, caíram muros, as ruas da Cidade encheram d’água; inclusive houve
acidentes com a população, e não é à toa que o trânsito está dessa maneira;
talvez elas demorem mais. Eu gostaria que consultassem os nossos convidados que
vieram assistir à palestra, que são os proponentes, organizadores e lutadores
da Semana da Consciência Negra, que, certamente, transformam esta Casa,
deixando-a mais bonita. Temos que ver essa agenda.
Eu queria falar sobre esta questão do
Camelódromo, Sr. Presidente. Há o Projeto do Fundo para reverter uma série dos
problemas. Hoje está na Pauta a proposta de Fundo em função, na verdade, de uma
malversação ou de um projeto inadequado que acabou se transformando num grande
imbróglio. Digo isso - e o Ver. Nedel me olha estranhamente -, porque nós
estamos diariamente discutindo nesta Casa, na CEFOR, na Tribuna Popular, em
reuniões como a de hoje de manhã, sobre a questão do Camelódromo, o problema
dos trabalhadores, camelôs, que construíram sua vida no trabalho da rua por 15,
20, 25 anos e que sonhavam em, de fato, ter um prédio, uma salinha, um espaço
para chamar de seu. Os camelôs, majoritariamente, apoiaram o Projeto do
Camelódromo, que foi votado nesta Casa em 2005, quando nós nem estávamos
presentes ainda como representação, mas houve um apoio maciço... Acho que ainda
tem inscrição ali, Nedel.
O Sr. João Carlos Nedel: É que não vejo
nada sobre o Camelódromo em Pauta.
A SRA. FERNANDA
MELCHIONNA: (Lê
Espelho da Sessão.) “Proc. nº 2792/09 -
PLL nº 118/09, de autoria do Ver. Airto Ferronato e outros,
que institui os Fundos de Apoio e Fomento aos Centros Populares de Compras e dá
outras providências.”
O Sr. João
Carlos Nedel: Qual é o projeto? Onde está?
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Eu lhe peço
para garantir o meu pronunciamento, se o senhor não for contribuir com a
política.
O “ovo da serpente” surgiu com a proposta da
Prefeitura, que, na verdade, construiu um camelódromo vertical, lá na Av. Júlio
de Castilhos, tomando os sonhos dos camelôs, e foi construída uma relação
privada entre uma empresa que, evidentemente, como qualquer empresa, tem a
lógica do lucro, e os trabalhadores informais. Nessa relação, a empresa tem o
papel de cobrar alugueis, que são abusivos - 80 reais semanais, mais cem reais
de condomínio, o que dá o montante de 500 reais para os camelôs -, coisa que,
na rua, não havia. Não havia conforto? É verdade, mas havia público, circulava
gente, as pessoas compravam. Colocaram os camelôs lá, naquele “elefante branco”
que custou 20 milhões de reais para a empresa, e ela quer cobrar dos
trabalhadores, aumentando o aluguel e o condomínio.
Nesse meio tempo, a Câmara se meteu nessa luta,
conseguiu atrasar despejo, conseguiu que houvesse uma rodada de negociações
garantindo, até dezembro deste ano, o prazo para iniciar a quitação das dívidas
dos trabalhadores, porque a Prefeitura, muitas vezes, nessa relação
empresa/camelôs, parece defensora da empresa, sendo que o projeto é seu, sendo
que a responsabilidade de tirar os camelôs da rua é sua; disse que iria limpar
o Centro e colocou um estacionamento no lugar dos camelôs - foi a Prefeitura!
Ela deixou os trabalhadores ao léu, naquele lugar abandonado, sem circulação de
gente, sob circunstância de pressão moral por parte da empresa para que eles
quitassem dívidas.
Mas nós conseguimos intervir, e agora, hoje,
tivemos essa reunião, e há um consenso de que não há prestação de contas da
Verdicon - e nós não sabemos qual é a Receita e a Despesa da empresa -, de que
existe uma relação privada, e não uma concessão pública como deveria ser, e
está na lei. A Prefeitura tem lavado as mãos, não debate esse problema e pode
subsidiar, sim, a vida dos trabalhadores, por que não? Porque, na hora de dar -
como diria o nosso amigo Ver. Airto Ferronato - cem milhões para as grandes
empresas, na hora de subsidiar multinacionais, não há problema para a
Prefeitura; na hora de subsidiar os pequenos, não dá, não pode! Essa lógica nós
não vamos aceitar; o Estado é para os mais fracos, para os mais necessitados,
no sentido de garantir esses subsídios, e nós queremos defender o Projeto,
apoiar, mas, sobretudo, defender a luta dos camelôs.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Presidente, eu
quero agradecer a sua paciência, a sua boa vontade, mas foi impossível as
palestrantes estarem aqui hoje; todo o mundo sabe o caos em que está a Cidade
com esse temporal de hoje. Então, Presidente, que isso fique registrado aqui,
em nome de todo o meu povo. Muito obrigado pela paciência, mas está impossível
elas chegarem aqui hoje.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Presidente, eu
fui solicitada, também, pelo pessoal da Organização que está aqui, que a outra
oportunidade pudesse ser em Plenário, pois eles têm muito interesse que esse
debate seja feito com o conjunto dos Vereadores. Então, que possamos organizar
para uma quinta-feira. Fica aqui o pedido.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu já orientei
o nosso Diretor Legislativo. Dentro da nossa agenda, há muitas votações até o
final do ano, mas nós vamos encontrar uma solução.
Há três
Vereadores inscritos em Pauta; evidentemente, vou ter que conceder a palavra,
mas apelo àqueles que puderem desistir, que desistam, para que, imediatamente,
possamos entrar no Plano Diretor.
O Ver. Engenheiro Comasseto está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Obrigado, Sr.
Presidente.
Um tema que está em Pauta aqui, hoje, é a
questão do Projeto dos Portais da Cidade, solicitando autorização para fazer a
contratação de cem milhões de dólares, mais ou menos 50% do que custa o Projeto
dos Portais. Nós já dissemos em vários momentos - foi feito um acordo com o
aval da Presidência -, que, para fazer essa discussão sobre os Portais,
teríamos que debater, conjuntamente, o tema da mobilidade urbana e de como fica
o tema do metrô ou dos veículos leves sobre trilhos. O pessoal da Zona Sul -
ali está o Máximo - e o pessoal do Centro Administrativo, eu gostaria que eles
ficassem aqui mais um minuto, porque essa foi uma das tônicas do debate, ontem,
lá na Hípica, sobre o sistema de transportes.
O que são os Portais, na sua essência? São mais
quatro grandes estações de transbordo na cidade de Porto Alegre. O morador lá
da Restinga Velha, que tem que se deslocar, pela Glória, até o Centro, pega um
ônibus na Restinga Velha, vai até a estação de transbordo da Restinga; pega
esse ônibus, que sobe pela Av. Costa Gama, e faz um transbordo em Belém Velho;
pega o ônibus em Belém Velho e vai até a próxima estação de transbordo, que é
um Portal, para pegar outro ônibus e ir até o Centro. São quatro transbordos
numa única viagem de um cidadão que quer e precisa trabalhar e que se desloca
de ônibus! E nós teríamos que dar um prêmio, esta Câmara teria que homenagear
todos os trabalhadores que usam o transporte público, porque são eles que não
estão entupindo as ruas de automóveis, são eles que estão utilizando um
transporte público que, infelizmente está muito aquém da qualidade necessária
que deveria ter o ônibus público de Porto Alegre. E, diga-se de passagem, já
caiu muito a sua qualidade.
Ver. João Antonio Dib, o senhor, que é
cadeirante, nós ouvimos ontem o Sr. Paulo, que é um dos cadeirantes da
Restinga, dizendo que ele tem que ficar, muitas vezes, duas horas na parada
esperando o ônibus que vem com o sistema de elevadores para os cadeirantes, que
tem horário e não o cumpre. E o Secretário dos Transportes não estava lá. O
Secretário Senna não é Secretário dos Transportes de Porto Alegre; ele é
Secretário dos Transportes de Londres. Ele diz que foi letrado em Londres, que
fez Doutorado em Transporte em Londres. Talvez ele seja o Secretário dos
Transportes, na teoria, em Londres, porque, na prática, não há nada. E esse
Projeto dos Portais é um projeto que não vai resolver o problema do transporte
público de Porto Alegre; vai agravá-lo. Talvez ele resolva o problema de
algumas poucas empresas de consultoria e de algumas poucas empresas de
engenharia, porque nós sabemos, Sr. Presidente - e quero registrar, aqui, que
já está tudo em cartas marcadas -, quem vai fazer a consultoria e quais serão
as empresas que vão fazer as obras. Isso está correndo frouxo no entendimento
popular. Nós temos que debater e queremos saber isso, porque nós bem sabemos
que os Secretários são consultores da área de transporte e têm uma relação, que
não está clara, com as empresas de consultoria que elaboram o estudo para esses
projetos. Este Projeto é um projeto que nasce falido, é um projeto que levanta
suspeitas na cidade de Porto Alegre. Nós queremos, sim, melhorar o transporte
público coletivo. Nós, em princípio, sempre somos favoráveis a captar recurso,
mas não captar recurso para fazer um projeto duvidoso sob o ponto de vista de
quem vai e de quem está construindo isso nas suas consultorias; duvidoso no
sentido de ter eficácia, porque essa eficácia nunca foi apresentada. Então eu
quero dizer “não” às estações de transbordo de Porto Alegre.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. CARLOS
TODESCHINI:
Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores; público que nos acompanha nas galerias e pela TVCâmara, eu
quero falar sobre dois Projetos que estão em discussão de Pauta, um de nossa
autoria, que concede o Título de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Hamilton Jesus
Vieira Pereira, advogado de 61 anos, gaúcho típico, também filho de pequenos
agricultores da fronteira oeste do Estado - nascido em Barra do Quaraí. Quando
jovem, ele dedicou-se à atividade agropecuária; formou-se na Escola de
Contabilidade Técnica do Grupo Marista, em Uruguaiana; depois ingressou no
curso de Administração de Empresas na PUC, na mesma Cidade; passou por várias
atividades e, após, transferiu-se para Porto Alegre, onde também cursou a
Faculdade de Direito na UniRitter, conquistando o Bacharelado. Em 1994, começou
a advogar e conseguiu a primeira indenização a um brasileiro por prejuízos
causados pelo Plano Collor, fato que foi divulgado nas capas dos principais
jornais do Estado e do País. No seu escritório, nas causas que defende,
principalmente nas áreas trabalhista e de família, consegue um sucesso de 97,8%
dos processos. Portanto, o seu escritório é um escritório de sucesso.
Hamilton também advoga nos processos de
desapropriações que tenham a finalidade de reconhecer ou de fazer a função
social das propriedades. Além disso, ele foi membro da União Gaúcha de
Estudantes, que lutou pelo crédito educativo nas instituições de Ensino
Superior de Porto Alegre; foi Presidente da Associação de Lojistas do Centro
Comercial Independência; integrou a Federasul e a Companhia Açucareira do Norte
do Uruguai; é vinculado à União Europeia dos Advogados; também ganhou o prêmio
Clave de Sol, em 2007, conseguido pela Associação dos Empresários do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná, por ter seu escritório reconhecido como um dos
melhores escritórios de advocacia do ano; e Globo de Ouro em 2007, entregue
pela Associação de Mulheres de Negócios, por ser considerado um dos melhores
empresários do ano. Apresentei aqui a concessão de Título de Cidadão de Porto Alegre
ao Sr. Hamilton.
Eu gostaria de passar para outro Projeto também
em pauta, que é o pedido de autorização do Governo para contratar com a
Corporação Andina de Fomento, com
garantia da União, no valor limite equivalente a 100 milhões de reais (cem
milhões de dólares dos Estados Unidos da América), para financiamento de obras
do Projeto Portais da Cidade.
Primeiro, eu quero ser
solidário ao que falou aqui o Ver. Engenheiro Comassetto. Nós não temos
Secretário de transporte em Porto Alegre - a Cidade é o caos! Ontem, à noite,
reuniram-se 27 associações de moradores de toda a Zona Sul, e a EPTC não se fez
presente! Se fosse na época da Administração Popular, esse Secretário seria
demitido por telefone, no ato. Agora nós temos um Prefeito omisso! Nós temos um
Prefeito que não existe na Cidade, que é capaz de deixar lá 300 pessoas
“chupando o dedo”. Não existe Prefeito, e o Secretário dos Transportes talvez
seja o secretário de Londres, menos de Porto Alegre! O senhor vai explicar para
aquele povo lá, Ver. Haroldo de Souza! É bom que o senhor, que está defendendo
o indefensável, vá lá e se explique.
Em segundo lugar, é
lamentável o Projeto dos Portais da Cidade. Quero dizer que sou contra, porque
isso aí significa jogar 500 milhões de reais no lixo; é jogar 500 milhões de
reais numa fogueira, porque não vão servir para absolutamente nada! Integração
se faz sem custo, sem obra física; se faz simplesmente com bilhete eletrônico.
Este Projeto, Verª Sofia Cavedon, está aí para encher os bolsos de agentes do
Governo, está aí para enriquecer alguns e para fazer todo o povo sofrer, porque
não vai resolver absolutamente nada! Vergonhosamente, até agora, não foi
apresentado projeto nenhum que seja convincente, a não ser esse que vai jogar
500 milhões de reais na lata do lixo! E Porto Alegre, parece-me, é uma Cidade
em que falta muita coisa, que não pode se dar esse luxo, que não tem Saúde, que
não tem ainda os serviços de qualidade! Falta investimento na área social,
falta tudo, porque a Cidade parou! Agora, o Secretário dos Transportes e o
Prefeito têm o “topete” de virem aqui pedir mais cem milhões de dólares para
fazer uma obra que, com certeza, não vai ajudar em absolutamente nada, a não
ser queimar esse dinheiro. Obrigado pela atenção.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente, Ver. Sebastião
Melo; colegas Vereadoras e Vereadores, chove sobre Porto Alegre, mas, mesmo não
chovendo, há alguns assuntos que já estão dando “relampejos”, e vai haver, Verª
Fernanda Melchionna, muitas trovoadas - muitas trovoadas. O mau tempo se
avizinha a Porto Alegre: a volta dos transbordos, dos transtornos, porque, Ver.
Nedel, cem milhões de dólares, em primeiro lugar, é grana pra caramba! É muito
dinheiro. Este é o pedido de autorização do Executivo para contratar com a
Corporação Andina de Fomento este dinheiro todo, esta dinheirama toda para
financiamento das obras dos Portais da Cidade!
A imprensa de Porto Alegre é medíocre, uma das
piores do País! Talvez isso vá me custar outros meses de freezer, mas
quero dizer que prefiro a honradez, prefiro ser correto e reto, como sempre fui
na minha vida, a sucumbir diante da mídia medíocre que mente sobre os Portais
da Cidade.
Não vou “grenalizar” o debate, até porque eu
combato esse tipo de postura. Não acho que, nos 16 anos da minha Administração,
que tenho orgulho de defender, tudo o que fizemos seja uma maravilha, porque
errar é humano, mas mais importante é ter humildade de reconhecer quando se
comete um equívoco.
No entanto, a presunção, a arrogância do
Secretário Senna me dá medo - me dá medo, eu confesso. Eu temo, porque as
últimas falas desse Secretário nos meios de comunicação... Eu fico
impressionado como os meios de comunicação não vão atrás para saber das
mentiras e das barbaridades que este Secretário fala na imprensa! Ele mente
descaradamente, e não há um órgão de comunicação da Cidade que faça uma
pesquisa investigativa. Eu vou continuar falando mal enquanto não corrigirem as
mentiras. O Governo Municipal fez uma opção política - uma opção política -,
optou pelos Portais. Nós sabemos que a equipe do Senna se vincula a um grupo de
Porto Alegre que tem uma empresa de consultoria que é contra o metrô, e eles já
vieram aqui 20 vezes falar contra o metrô, Ver. Fernanda. É uma empresa, uma
posição, e ela transita lépida e faceira nesta Administração, é uma oposição.
Mas não venham me dizer que metrô e veículo leve sobre trilhos é atraso, porque
atraso é BRT - bus rapid transit. O
Secretário Senna gosta de falar nesse sotaque de Londres; pois eu quero dizer
que eu também sei falar.
A Srª Fernanda Melchionna: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria só registrar, Ver. Adeli,
aproveitando o seu pronunciamento, que estão pedindo autorização ao
Legislativo, mas, anteontem, na imprensa, já saiu a assinatura do Governo com a
Corporação Andina. Então eu não sei o que isso veio fazer aqui. É um
desrespeito não só com o Legislativo, mas com a Cidade, em conjunto, que está
vendo o trânsito horrível e, certamente, não quer que piore com as baldeações.
O SR. ADELI SELL: Sem dúvida.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli, eu concordo com uma parte do
seu pronunciamento, exatamente a que coloca o metrô em primeiro lugar, mas não
posso dizer que essas outras modalidades sejam excludentes. Eu acho que o metrô
tem que ser defendido, realmente, em primeiro lugar, porque ainda, na minha
opinião, é um modelo de transporte capaz de resolver a situação da nossa
Cidade.
O SR. ADELI SELL: E a bilhetagem
automática não precisa de transbordo; você faz a ligação com um bilhete
automático. Inclusive, a Trensurb está fornecendo, de lambuja, a tecnologia
para o Tri, para o Teu e para o próprio metrô da Trensurb. É só unificar o
bilhete com a tecnologia da Trensurb, do Governo Federal, que não cobra pedágio
para isso. Muito obrigado, Ver. Sebastião Melo.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs.
Vereadores, eu agradeço. Nós cumprimos o acordado entre Lideranças e Mesa.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 15h33min.)
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